Tem dores que doem dentro e tem dores que doem fora. Para as dores que doem fora, unguento, chás, comprimidos. Para as dores que doem dentro, carinho, afago, abraço sem gemido.
Tem dores que doem ontem e tem dores que doem agora. Há que aprender com a dor de dentro para curar a dor que transborda fora. Porque a dor de dentro cria feridas na alma que faz sangrar o olhar que chora, apaga o sorriso e traz vontade de ir embora.
A dor de dentro deixa a parede de fora da nossa casa ser pintada com a tinta da tristeza que carrega nas mãos. Mas a dor grita de lá de dentro do quarto escuro. E toda vez que eu a nego, ela queima e incendeia o sim e o não. Incendeia o distanciamento. Incendeia do teto ao chão. Ela queima e grita e cansa e pede para ser descortinada, esmiuçada e transformada em pó para depois ser trancada no baú do que machucou o coração.
A dor não quer se fazer pulsar em incômodo latente. A dor pede que a alma aprenda com os erros e siga em frente. Quer ser passageira. Passar ligeira e não ferir tanto a gente.
E a dor de dentro grita alto para se fazer escutar para que a sua chama não permita a alegria de fora calar. Porque vida é plenitude e não quer ser lembrança da vela da felicidade a se apagar.
O segredo é aprender a pegar uma dose de amor para curar uma dor. Fazer poesia para que a cura chegue mais perto. Tratar essa dor com afeto. Aprender a viver de peito, sorriso e coração aberto.
Um dia se percebe, com o remédio chamado amor, que a cura se revelou. A dor passou. E de etapa em etapa foi de larva a casulo. Virou bela borboleta que olhou o céu e bateu asas. Bateu as asas e voou.
Liz Midlej
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