Ainda está tudo lá. Tal qual a foto.
A inocência no rosto. A esperança e curiosidade no olhar. A vontade
de brincar, de viver, de voar.
Sonhava em ser grande, adorava brincar de professora e aluno e
sempre gostou de oratórias. Na verdade, preferia ler a brincar de bicicleta.
Primeira de uma família de quatro irmãos, sempre se sentiu a responsável por
tudo e todos. Mas nunca foi na verdade, referência para nada. Era sempre a mais
calada, a mais danada, a mais rebelde, a mais contestadora, a mais
desaforada, a mais chata, a mais teimosa, a mais tudo. A primeira.
Boa parte dela enchia-se de alegria com as conquistas e outra
decepcionava-se com o mundo e com o que via das pessoas. O lado da vida que a
infância não diz que vai ser. Mesmo assim caminhou.
Hoje, olho a criança que fui e aposto que, nem de leve, ela iria
imaginar a mulher que me tornei. Não casei na Igreja, apaixonei-me pela
profissão que escolhi, não sou P.H.D em nada, mas sou feliz com as conquistas
realizadas e sinto uma paz danada quando olho pra mim e vejo que muitas dores
não estão mais lá.
A curiosidade
continua. A inocência, bem menos. Mas a esperança está ainda maior. Esperança
de ver um mundo melhor, com menos sofrimento, mais alegria e verdade. Que
possamos refletir nesse dia comemorativo e fazer nossa infância interior durar
e nos lembrar que viver pode sim, ser leve e simples. Como o olhar de uma
criança.
Liz Midlej
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