A mesa enorme, toda arrumada.
Os lugares postos, os pratos alinhados,
guardanapos coloridos.
Lembro-me que era em torno dela que nos
relacionávamos.
[...] Crianças corriam pela casa. Juntava
gente de todo lugar.
Tanta história bacana. E uma alegria iminente.
De repente a gente cresce, e a coisa começa a
desacontecer.
Daqueles laços estreitos, tão íntimos, tão
certos,
nasce um desdém educado, uma aspereza
gratuita, um hiato.
Como se estivéssemos balançando numa corda
frouxa.
E tudo que era para sempre, desapareceu.
Sem que eu nem bem tivesse tido tempo para
tirar a mesa.
Sumiu toda a gente, os pratos alinhados e
todos aqueles afetos.
É que de vez em quando, nos domingos de chuva,
a mesa posta ainda faz doer em mim todas essas ausências.
Solange Maia
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