Acordei hoje
com tal nostalgia de ser feliz. Eu nunca fui livre na minha vida inteira. Por
dentro eu sempre me persegui. Eu me tornei intolerável para mim mesma. Vivo
numa dualidade dilacerante. Eu tenho uma aparente liberdade mas estou presa
dentro de mim. Eu queria uma liberdade olímpica. Mas essa liberdade só é
concedida aos seres imateriais. Enquanto eu tiver corpo ele me submeterá às
suas exigências. Vejo a liberdade como uma forma de beleza e essa beleza me
falta.
Clarice Lispector
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