Tem dias que acordamos vazios. Na vida que segue
com tantos compromissos e trabalho, a falta de algum lugar ou de alguém nos
acompanha. É como o céu nublado onde não há sol. Nessas horas, resta-nos o
silêncio frio e o desalento cinza, como se nada mais nos preenchesse além da
melancolia que existe — e resiste — dentro da gente.
É que tem dias que surge um buraco enorme aqui
dentro. É a dor pelo que já foi e não é mais, e a ausência que se repete em
sonhos enquanto dormimos.
Porque, outro dia, a morte chegou inesperada.
Algumas pessoas partiram para longe. O relacionamento acabou. Os filhos foram
estudar fora. Mas toda essa gente também ficou. Suas lembranças ficaram
impressas em nossa alma, como um poema decorado. A saudade imortalizou-se no
abraço de adeus, no bilhete carinhoso e na espera do reencontro.
E saudade também é inspiração. E chega nas
horas mais inesperadas. Num momento de distração, a velha sensação de vazio se
transforma em música, dança ou poesia. Você está caminhando no seu dia cinzento
e, de repente, uma ideia invade a sua mente: é o esboço de um novo verso, é a
cor da esperança que você procurava...
Saudade não é falta. Saudade é presença imortalizada dentro da gente.
Rebeca Bedone
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