Tem gente que esconde, tem medo de falar, disfarça.
Eu não. Tenho o maior orgulho.
Encho a boca e conto : faço 43 anos.
Um tanto de estrada percorrida, outro tanto a
percorrer. Nem tanto ao mar, nem tanto a terra. Lugar onde euforia e serenidade
comungam tão bem. Um não rouba mais a cena do outro. Aceito e acolho. Já sei o
que procuro e ouso dizer que o caminho me interessa bem mais do que a chegada.
Dou-me, mas só quando quero. E para quem quero.
Conheço coragens e medos, sonhos e desejos. Conheço
gente boa e gente que nem gente é. O tempo já não guarda tantos segredos. Sem a
rigidez de antes, demoro mais no gesto, na entrega, no outro. Absorvo a
existência, o amor, a graça. Livre de quaisquer cobranças. Livre para viver
melhor.
Já não me prendo ao tecido da lógica, não me importo
se as coisas realmente fazem sentido. Respeito a autoridade da vida, mas flerto
descaradamente com ela. E mesmo quando surpreendida por alguém, com um sonoro :
– Senhora?
Não me incomodo.
Sou sim.
Sou, deliciosamente, senhora de mim !
Solange Maia
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