Me diga você, que vive contraído por causa das
expectativas alheias, das ideias absurdas de perfeição, como é que ainda não se
permitiu a conquista do erro?
Está ai a chave para uma vida, senão mais feliz, ao menos mais
divertida. Porque é do erro que surgem novas soluções.
[...] Os desacertos nos movimentam, nos humanizam, nos aproximam dos
outros, enquanto que o sujeito nota 10 nem consegue olhar para o lado, não pode
se desconcentrar um minuto sob pena de ver seu mundo cair. O mundo já caiu,
baby. Só nos resta dançar sobre os destroços.
A escritora e filósofa francesa Chantal Thomas certa vez disse:
na sociedade moderna há muito lazer e pouco prazer. O fato de você 'estar
passeando, nadando ou comendo não significa que está tendo prazer, talvez
esteja apenas obedecendo as leis severas do "tempo livre".
O que há de divertido em reservar uma mesa num restaurante da
moda para daqui a três meses, em enfrentar filas intermináveis para ver uma
exposição de um artista que você nem sabe quem é, em comprar uma bolsa
caríssima que logo será vendida a R$ 10 no camelô e em praticar a ginástica do
momento para não ficar desatualizada?
Tudo isso são solicitações culturais, imposições de fora. O
prazer está na invenção da própria alegria.
Trechos
de "La Gozadera" de Martha Medeiros.
Livro Doidas
e Santas
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