“É preciso viver a tristeza, ela faz parte da vida, assim como a
alegria”, foi o que ela
falou a respeito de si própria, de uma depressão que teve, depressão essa que
durou dois anos, durante a qual “Deus lhe tirou a poesia”. Ah, que belas
e duras as palavras de Adélia, que faz poesia até quando não faz, até quando
fala.
Hoje em dia, todo mundo tem muito medo da tristeza. Hoje em dia,
medica-se a tristeza como se doença ela fosse ─ a tristeza, quando vem,
assim como a dor de cabeça ou a dor de ouvido, é um aviso de que alguma coisa,
grande ou pequena, não está bem.
Por que é que a gente não escuta mais a nossa tristeza, por que é que temos de calá-la, esta visita inesperada, resmungona, teimosa, antes que ela nos diga, afinal de contas, a que veio?
Às vezes, um bom e honesto papo com a tristeza pode nos levar adiante ─ e o que é a vida, senão um eterno dobrar de esquinas, uma caminhada surpreendente na qual mudam as paisagens, os sonhos e as companhias?
Encontrar a tristeza numa ruazinha da existência e dar uma ou duas voltas na quadra de mãos dadas com ela pode ser difícil, mas também renovador.
Por que é que a gente não escuta mais a nossa tristeza, por que é que temos de calá-la, esta visita inesperada, resmungona, teimosa, antes que ela nos diga, afinal de contas, a que veio?
Às vezes, um bom e honesto papo com a tristeza pode nos levar adiante ─ e o que é a vida, senão um eterno dobrar de esquinas, uma caminhada surpreendente na qual mudam as paisagens, os sonhos e as companhias?
Encontrar a tristeza numa ruazinha da existência e dar uma ou duas voltas na quadra de mãos dadas com ela pode ser difícil, mas também renovador.
Leticia Wierzchowski,
Trechos de Adélia Prado e a tristeza
Nenhum comentário:
Postar um comentário