Nesse mundo 'TER' é mais importante do que
'SER' apenas porque, à diferença do 'SER', o 'TER' pode ser mostrado
facilmente. Nesse mundo em que a inveja é um regulador social, as aparências
são decisivas porque elas comandam a inveja dos outros. O que conta não é ser
feliz. É PARECER invejavelmente infeliz. É simples mostrar o brilho de roupas e
bugigangas aos olhos dos invejosos. Complicado seria lhes mostrar vestígios de
vida interior e pedir que nos invejem por isso.
A inveja é, por assim dizer, uma emoção abstrata: O privilégio não precisa dar acesso a uma fruição especial da vida (sensual ou espiritual, tanto faz), ela só precisa suscitar inveja. Ou seja, privilégio não é o que eu faço ou o que acontece de extraordinário na minha vida, mas o olhar invejoso dos outros.
A inveja é, por assim dizer, uma emoção abstrata: O privilégio não precisa dar acesso a uma fruição especial da vida (sensual ou espiritual, tanto faz), ela só precisa suscitar inveja. Ou seja, privilégio não é o que eu faço ou o que acontece de extraordinário na minha vida, mas o olhar invejoso dos outros.
O Facebook é o instrumento perfeito em que a inveja é um regulador social. Nele, quase todos mentem, mas circula uma verdade da nossa cultura: O valor social de cada um se confunde com a inveja que ele consegue suscitar.
Contardo Calligaris
Colunista da "Folha de São Paulo" - publicação de 22/08/13
Texto completo AQUI
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