A verdade é que ninguém pergunta a um recém formado qual a
opinião dele sobre uma aquisição internacional. Sinceramente, nem deveria. Na
faculdade de Administração, aprendemos grandes movimentos sobre grandes
questões. Na vida real, você arranja um emprego de analista e precisa mostrar
seu valor por alguns anos até a sua opinião valer alguma coisa.
Parece óbvio, mas é uma questão que vi frustrar muitos jovens
profissionais. Os livros e aulas preparam para as salas executivas. Os anos de
crescimento e aprendizado para chegar lá ficam em segundo plano.
Aprender a lidar com grandes questões é essencial. Mas tão
importante é o caminho para nos tornarmos relevantes o suficiente até nossa
presença e opinião ser levada em conta.
Quantos cursos falam de como lidar com chefes e colegas de
trabalho? Como lidar com tarefas chatas? Como se apresentar e fazer contatos?
Como lidar com a política do dia a dia? Como se tornar interessante para
aquelas pessoas responsáveis pelas decisões sobre a sua carreira?
Qualquer pessoa que tenha passado algum tempo no mundo real sabe que frases feitas como “destaque-se” ou “faça um bom trabalho” não significam nada. Se por um lado todos os bons profissionais estão tentando fazer o mesmo, por outro não existe um conjunto de regras que dizem o que é “se destacar”. Tal coisa depende do contexto, das pessoas à nossa volta e do que elas valorizam.
Qualquer pessoa que tenha passado algum tempo no mundo real sabe que frases feitas como “destaque-se” ou “faça um bom trabalho” não significam nada. Se por um lado todos os bons profissionais estão tentando fazer o mesmo, por outro não existe um conjunto de regras que dizem o que é “se destacar”. Tal coisa depende do contexto, das pessoas à nossa volta e do que elas valorizam.
Algumas faculdades e professores perceberam isso e começaram a
falar de carreiras em seus currículos. Ainda é pouco. É preciso que um
profissional entenda não só as grandes decisões, mas como fazer para se tornar
parte delas. Na maior parte dos casos, isso envolve décadas de percurso.
Se você está entrando em um novo mercado, prepare-se. Aprenda a
olhar em volta e prestar atenção às coisas que importam para as pessoas acima
de você. Aprenda como conviver
com pessoas diferentes, a diferença entre gostar de alguém e trabalhar com
alguém. A realizar aquilo que
se pede dentro de prazos e restrições e a fazer o que se pede de você sem
supervisão constante. No mundo real, o feedback nem sempre é claro, as
perguntas não têm respostas certas. E é com o passar do tempo, com o acúmulo de
resultados e experiências, que você vai alcançar um lugar melhor.
Ninguém te entrega de bandeja um lugar em uma reunião
importante. Quer chegar em algum lugar? Arregace as mangas e mãos à obra.
Fábio Zugman
**
Postei este texto pois me enxerguei nele ao sair da faculdade em 2001, completamente inexperiente e logo começar a trabalhar numa grande empresa, em um cargo de chefia.
Muito pouco do que os professores ensinavam, eu conseguia enxergar naquela nova
realidade. O que contaria ali seria os meus valores pessoais, a minha maneira
de encarar a vida, as situações e a minha maturidade profissional (que era
zero).
É preciso de fato, mudar a consciência e o enfoque do ensino nas
faculdades de Administração. Não tiro o mérito de aprender a teoria, mas esta
teoria precisa urgentemente ser atualizada e adequada à realidade, para que o
recém-formado possa ter mais preparo e frustrar-se menos com o que vai encontrar.
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