Tenho acompanhado as várias manifestações nas redes sociais, os
memes e fotos de pessoas segurando cartazes com a frase “Feliciano não me
representa”, em protesto contra o fato do deputado ter assumido a presidência
da Comissão de Direitos Humanos e Minorias. A revolta de termos um deputado
racista e homofóbico como presidente de uma comissão que deveria tratar dos
direitos humanos e das minorias é bastante compreensível, compartilho desse
sentimento e também acho que a situação está nos limites do absurdo.
(...) Faz sentido que nenhum de nós se sinta representado por
Feliciano. O nosso sistema político pouco nos representa e abre pouco espaço
para que o cidadão possa interferir e participar, além de um voto (obrigatório)
a cada quatro anos. Além disso, o sistema eleitoral proporcional quase sempre
garante que você vai acabar elegendo gato por lebre. Se quisermos transformar a
política e os políticos, e nos sentirmos representados, precisamos entender o
processo, suas restrições e suas possibilidades. Feliciano eventualmente sairá
da Presidência da comissão, uma grande vitória da sociedade e da pressão das
redes! Mas ele poderá ser trocado por outro deputado do PSC, permanecer como
membro da Comissão e até ser relator de uma série de projetos de lei.
Provavelmente, todos nós passaremos para a próxima revolução nas
redes, e deixaremos nossos parlamentares continuarem a decidir e comandar a
política em acordos e negociações internas – ou seja, deixaremos que eles
simplesmente nos representem. Para que Feliciano não nos represente, precisamos
mais do que simplesmente tirá-lo de lá: precisamos entender e rever nossos
processos políticos.
Pedro Markun
Fonte: Revista Brasileiros
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