Jovens se arriscam,
mas desta vez o culpado é outro. A tragédia de Santa Maria, causada por
irresponsáveis que, espero, serão descobertos e punidos, não foi culpa deles,
que estavam divertindo-se, nem da permissividade das famílias que não os
acorrentaram em casa. Eles acorreram ao evento sem conferir se havia saídas de
emergência, portas corta-fogo. Mas isso não era tarefa deles. A alegria
pressupõe a confiança de que vai dar tudo certo. A felicidade é otimista, por
isso muitas vezes envolve riscos, que devem ser sanados por aqueles que têm a
diversão alheia como forma de trabalho. Vale para uma festa, um parque de
diversões ou um programa de mergulho.
Investigações e
punições são uma dívida com as vítimas. Mas as famílias e os amigos
sobreviventes não terão nada devolvido com isso, já perderam o essencial:
aquela mínima isenção do medo e da culpa que nos ajuda a viver. A morte,
principalmente em sua face trágica e quando se perde um jovem, é a maior
experiência de impotência. Nada porta o sem-sentido da vida como a inclemência
do fim, principalmente o de quem teve reduzido o tempo de dizer a que veio.
Perder um filho é a
pior das mortes, é um assassinato da esperança, impossível de assimilar.
Cuidamos zelosamente nossos descendentes, pois seguirão nossos passos quando
cessarmos. Sua morte é um milhão de vezes mais insuportável que a nossa,
restamos sem sua transcendência. Um filho morto diminui a chance nos tornarmos
lembrança. Apesar disso, não podemos ser egoístas e guardá-lo numa redoma,
esperando que viva para nos cultuar.
[...] Lá fora é
perigoso, porque o mundo está cheio de perversos e irresponsáveis, mas é para
onde todos temos que ir.
Diana Corso, trechos de “Como se não houvesse amanhã”.
Para ler o texto completo, aqui.
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