As
pessoas têm manias, têm temperamento, têm hábitos que nos incomodam. Elas
reclamam de tudo, pateticamente. Elas se enfurecem com tudo, histericamente.
Elas têm problemas, opiniões, desejos, amigos. Elas são lindas e nos causam
ciúme. Elas são controladoras e nos irritam. Elas podem ser frívolas e
indiferentes. Frequentemente mergulham nelas mesmas e nos deixam entregues às
apreensões e receios. Às vezes queremos que sumam, morram, pelo-amor-de-deus
desapareçam. No outro dia acordamos sem elas e o coração perde duas batidas, de
medo.
(...) Os
sentimentos são o nosso principal problema, claramente. Estamos encharcados
deles. Sentimentos de toda espécie, misturados. Você olha para aquela pessoa
que abriu a porta e eles afloram, conturbados. Quanta aflição não esconde um
abraço? A gente então conversa, e a confusão reflui. A gente espanta o assombro
com a nossa voz e o nosso riso. A trivialidade nos resgata como um bote salva
vidas. Nos olhos da mulher que a gente ama há uma praia tranquila onde a gente
ancora – até que o mar no interior dela se agite e a paz efêmera se perca. De
novo.
(...) Sejamos
francos: nosso problema não é sexo, é amor. Encontrá-lo, conquistá-lo, torná-lo
parte da nossa vida e, ao final, talvez, detestá-lo. Nosso problema é preservar
esse amor em meio à tempestade de trovões dos nossos sentimentos. Cuidar para
que o fascínio físico dos primeiros dias não se perca, evitar que a confiança
que vem depois não nos cegue de tédio.
Ivan Martins.
Revista Época
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