Cada vida toca mesmo muitas outras vidas. Direta ou indiretamente.
No nosso cotidiano, tantas vezes agitado, apertado, ensandecido, a gente
não percebe. Não registra. Não lembra disso. Mas, se pudermos parar um
pouquinho e afastar o sentimento dessa roda-viva, é possível notar o quanto a
nossa vida está ligada a outras tantas numa rede invisível, tecida com fios de
puro sentimento.
O quanto o fato de existirmos influencia, de diferentes maneiras, em
variadas circunstâncias, a história de muitas pessoas, conhecidas ou anônimas.
Gente que já passou e nem sabemos mais por onde anda. Gente que continua
próxima dos nossos olhos e do nosso amor. Gente, cuja vida esbarra na nossa de
forma muito rápida, mas nem por isso o encontro é menos valioso. Pessoas que
nem sabemos quem são.
Não estamos separados, como tantas vezes sentimos. É fantástico ter
olhos para ver a amorosa rede de conexões que cada vida representa. Quando
tratamos uma pessoa com gentileza, respeito, cuidado, não é somente ela que
está sendo tocada, mas toda a infinidade de inter-relações envolvidas com a sua
passagem pelo mundo, as que já existem e as que poderão vir a existir.
Ao olhar para mim, sinto a presença de muitas pessoas. Não teria chegado
até aqui, da mesma forma, sem elas. Gente da minha família de sangue. Gente da
família que o meu coração cria, vida afora. Gente que encontrei em algum ponto
do caminho.
Muitas me ajudaram sem sequer perceber. Recebi, em diferentes momentos,
a dádiva de gestos de cuidado e amor que fizeram toda diferença. Mesmo os mais
singelos foram providenciais: sorrisos, olhares, escutas, abraços, palavras,
silêncios compartilhados quando a presença diz tanto.
Ana Jácomo
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