Foto: Sue Midlej - Pôr do Sol em Barra Grande
Algumas preciosidades morrem baixinho, em dégradé. Como morrem as
tardes. Como morrem as flores. Como morrem as ondas. Quando a gente percebe, já
é noite e o céu, se está disposto a falar, diz estrelas. Quando a gente
percebe, as pétalas já descansam o seu sorriso no colo do chão. Quando a gente
percebe, o canto da onda já enterneceu a areia. Muitas dádivas que nos
encontram, que nos encantam, têm seu tempo de viço, sua hora de recado, e seu
momento de transformação em outro jeito de lindeza.
A noite também é bela do jeito dela. As pétalas caídas viram húmus para
fertilizar o solo que dirá a vez de outras flores sorrirem. A areia molhada
conta a canção da onda e da sua acolhida terna para a nossa vida descalça.
Lutar contra a impermanência da cara das coisas é feito tentar prender o azul
macio das tardes, segurar o viço risonho das flores, amordaçar as ondas. É
inútil.
Ana Jácomo
Ops... E já sou sua primeira seguidora...
ResponderExcluirAmo Blogs... Amo ler... Bjks
Muito especial!!! Prossiga...
ResponderExcluirA foto é de Sue... num por do sol em Barra Grande!
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